
Na cena do casamento de Isaac nossa primeira expectativa como leitores é frustrada: não é Isaac quem vai buscar sua noiva, não é ele quem viaja. É o servo de seu pai quem vai em seu lugar. Quem desloca-se na narrativa é a mulher, Rebeca.
O deslocamento para estes três homens - Isaac, Jacó, Moisés - é fundamental porque faz parte de seu amadurecimento, a fim de que sejam capazes de liderar em primeiro lugar suas vidas, e em segundo, a vida de seu povo. Como na cena de Isaac quem faz esta viagem é a mulher, Rebeca, o que podemos esperar é exatamente o que ocorre: é ela quem tem a liderança sobre sua vida e sobre a história que compartilha com Isaac a partir dali.
Quando Rebeca chega à proximidade da tenda de Isaac e o vê, a narrativa revela sutilmente a desatenção de Isaac, pois ele vê apenas os camelos. Ele a introduz na tenda de sua mãe Sara, e somente assim consola-se de sua morte, como se tivesse encontrado uma nova figura materna, de proteção, cuidado e orientação. Conhecemos o restante da história do casal: Rebeca fará com que tudo saia conforme seus planos, enganado o marido, para que seu filho preferido - Jacó - receba a bênção que era de Esaú, por direito.
Isaac, primeiro submetido à vontade do pai, passa a responder às vontades de Rebeca. Diante dela, é inexpressivo e sem autonomia. O simples desvio do padrão esperado para uma cena comum de casamento já acenava para isto.
Acompanhe!
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